"Bandido é bandido, polícia é polícia. Como água e azeite, não se misturam".
Esta é a mais famosa frase de Lucio Flávio Vilar Lírio. Mas quem foi exatamente este homem que passou quase inteiramente a vida adulta em presídios, principalmente em Dois Rios, Ilha Grande ? É muito simples dizer que foi um assaltante de bancos, de carros de entrega de mercadorias, de automóveis. Mas há algo de mais complexo na tecitura emocional e vivencial de presidiários. E com Lúcio Flávio não poderia ser diferente. Jovem da classe média mineira, nascido em 1944, filho de um funcionário público com uma professora de escola primária, louro, de olhos claros, frequentador de praias durante a juventude no Rio de Janeiro, sempre em grupo de amigos ... mas a personalidade estava sendo tecida por fios invisíveis que surgiam de novelos adormecidos nos escaninhos da alma.
A família Vilar teve que se mudar para o Rio de Janeiro com os oito filhos pequenos, se instalando em Benfica e Bonsucesso. Isto após desencontros políticos - não bem esclarecidos - de seu pai com o então PSD que foi extinto na época. Há inclusive relatos de que Lúcio Flavio sentiu-se profundamente frustrado por não poder concorrer a um cargo de vereador no Espírito Santo em razão da negativa de seu pai, que alegava dificuldades financeiras.
"... motivo de sua incursão no mundo marginal teve sua gênese na época da ditadura militar no Brasil; em uma festa de casamento comemorada por sua família, alguns policiais do DOPS adentraram em sua residência e propiciaram momentos de constrangimentos, como os vividos pelo seu pai, que teve o rosto introduzido dentro de um bolo, como também, o espancamento de sua mãe; Lúcio, ainda um adolescente à época, foi igualmente vítima de espancamento, essas agressões teriam sido frutos da época em que ele vivia, ou seja, sob a "mão" pesada do regime militar; como o pai de Lúcio era cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek, e por esse motivo não queria informar o paradeiro de Juscelino, ele tornou-se mais uma vítima da opressão daqueles idos; devido a todos esses acontecimentos, aos 18 anos, Lúcio transformou-se em um bandido." Esta frase entre aspas foi copiada de Wikipédia.
Em 1969 foi desbaratada uma quadrilha de ladrões de carros no Rio de Janeiro em que Lúcio Flávio foi identificado como membro. Descobriu-se logo que não era apenas um simples integrante, mas uma das figuras principais, posição que aprofundou após o assassinato do líder da quadrilha Marcos Aquino Vilar.
Mas a estória é mais longa ...